A exposição “um só mundo” convida o público a mergulhar na singularidade da obra fotográfica de Derek Charlwood, cientista e artista que, ao longo da sua vida, uniu duas paixões aparentemente distintas: a entomologia médica e a fotografia.
A exposição “um só mundo” convida o público a mergulhar na singularidade da obra fotográfica de Derek Charlwood, cientista e artista que, ao longo da sua vida, uniu duas paixões aparentemente distintas: a entomologia médica e a fotografia.
Charlwood dedicou décadas da sua carreira ao estudo da ecologia dos mosquitos transmissores de malária, viajando por aldeias e regiões remotas de África, América do Sul, Oceânia e Sudeste Asiático. Mas, além da ciência, o seu olhar captou também a essência humana dos lugares por onde passou. Munido de uma câmara fotográfica, transformou o seu trabalho de campo num registo sensível da vida quotidiana das pessoas que encontrou, revelando a beleza simples e inesperada que surge quando nos dispomos a observar.
Inspirado por poetas e filósofos, como Fernando Pessoa, Charlwood reflete sobre a natureza da beleza e a sua descoberta espontânea. “Se não a procurarmos, encontramo-la”, escreve, lembrando-nos que a beleza está nos olhos de quem vê. Esta perspetiva aproxima-se também da sabedoria zen: “A vida sem um propósito perde o seu sentido.” O seu propósito científico – compreender os insetos transmissores de doenças – deu-lhe acesso a uma dimensão mais ampla: a compreensão de que, independentemente da geografia ou da condição social, partilhamos todos a mesma humanidade.
“um só mundo” é, por isso, mais do que uma exposição de fotografia documental. É um testemunho humanista que ecoa a tradição de grandes mestres da fotografia do pós-guerra, como Sebastião Salgado. Nos rostos, nas expressões e nos gestos registados por Charlwood, encontramos não apenas o rigor de um cientista que documenta, mas sobretudo a empatia de alguém que reconhece, em cada indivíduo, a dignidade universal da condição humana.
No título da exposição ressoa uma convicção fundamental: somos, de facto, um só mundo. A ciência ensinou-lhe a interdependência das espécies e dos ecossistemas; a arte mostrou-lhe a universalidade das emoções e das relações humanas. Em conjunto, estas duas dimensões constroem uma narrativa poderosa sobre unidade, respeito e partilha.