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Rua da Triste Feia? Maria Pia? Apenas 5% das ruas têm nome de mulheres

A rua Maria Pia, em Campo de Ourique, homenageia a Rainha Maria Pia de Saboia, mulher do Rei D. Luis I, conhecida pelas suas obras de caridade.

A rua Maria Pia, em Campo de Ourique, homenageia a Rainha Maria Pia de Saboia, mulher do Rei D. Luis I, conhecida pelas suas obras de caridade.

O Beco da Ferrugenta homenageia “a Ferrugenta”, Leonor Maria, a padeira de Sua Majestade, que teria enviuvado de um homem com o apelido Ferrugento.

A rua Triste-Feia faz referência à mais feia de três irmãs na freguesia da Estrela.

Mas apesar de Lisboa ser um substantivo próprio feminino, as mulheres não gozam de tanto privilégio assim nas placas com a indicação das ruas da cidade: em apenas 5% delas, surge o nome de uma mulher.

Uma desproporção considerável quando comparado com os homens, que batizam 44% das ruas lisboetas.

Um estudo do cientista de dados Manuel Banza abrangeu não só ruas, mas também jardins, escolas e hospitais, onde a realidade é um pouco melhor, mas mesmo assim as mulheres só dão nome a 7% das praças e 14% e 11% das escolas e hospitais, respetivamente.

Este estudo foi feito para promover uma “uma ação voluntária de reequilíbrio em relação aos nomes de mulheres nas ruas”.

Foi o Marquês de Pombal, entre 1750 e 1777, quem deu o início à formalização da toponímia em Lisboa. Mas foi a partir do século XIX que se começaram a homenagear figuras ilustres.

Só a partir da República é que este cenário começa a mudar. No Estado Novo, chegam a homenagear-se 55 mulheres ao erguerem-se novas placas toponímicas: entre elas, estão Marie Curie, Florbela Espanca e Maria Amália Vaz de Carvalho.

Há também uma alteração depois do 25 de Abril, com o surgimento de ruas como Natália Correia, Catarina Eufémia ou Maria José Estanco.

Por Ana da Cunha